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Manifesto Pela Revogação do Decreto 12.600/2025

(Em defesa dos rios e da vida na Amazônia)

Nós, abaixo-assinados, cidadãos, movimentos sociais, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, ambientalistas, pesquisadores e defensores da Amazônia, manifestamos nossa profunda preocupação e indignação em face da decisão do governo federal de incluir trechos estratégicos dos rios Madeira, Tocantins e Tapajós no Programa Nacional de Desestatização (PND), por meio do Decreto nº 12.600, publicado em 29 de agosto de 2025.

Esse Decreto representa a entrega de um patrimônio comum da humanidade e dos brasileiros em especial. Os rios amazônicos são ecossistemas vivos, fonte de alimento, cultura, ancestralidade e espiritualidade, além de serem essenciais para o modo de vida de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais comunidades tradicionais. O decreto representa uma grave ameaça à soberania desses territórios.

Trata-se de uma medida autoritária, racista e colonialista, que viola os direitos de povos originários e populações tradicionais, ao impor um projeto sem consulta livre, prévia e informada, conforme estabelece a Convenção 169 da OIT e reafirmada em protocolos de consulta construídos pelas próprias comunidades.

Representa danos socioambientais graves, pois promove dragagens, derrocamentos de formações rochosas como o Lourenção e a circulação de grandes embarcações de soja e minérios, com impactos diretos na pesca, na qualidade da água, na quantidade de ruído produzido, na biodiversidade e na própria sobrevivência das populações que ali habitam.

Pode impactar o direito de ir e vir das comunidades ali estabelecidas, pois a concessão da gestão dos rios para a iniciativa privada vai resultar em tarifas para transporte fluvial, penalizando populações ribeirinhas, pescadores e demais povos que dependem dessas hidrovias para sua locomoção diária.

A privatização dessas hidrovias só favorece a lógica do agronegócio e da mineração, ligando-as a rotas estratégicas para escoamento de grãos e minérios, sem priorizar a sustentabilidade nem os direitos das populações locais.

É uma afronta à soberania nacional, transformando os rios em mercadoria nas mãos de grandes empresas privadas, o que representa um risco à autonomia do Estado brasileiro sobre recursos vitais para a região.

Por fim, o orçamento destes empreendimentos virá de recursos públicos do Governo Federal, o que significa que o Estado seguirá pagando, enquanto empresas privadas lucram e destroem a natureza.

Diante desses fatos exigimos:

  1. Revogação do Decreto nº 12.600/2025
    Que o governo revogue imediatamente o decreto que coloca as hidrovias da Amazônia no PND, interrompendo o processo de concessão privada dos rios.
  2. Consulta prévia e democrática
    Realização de consulta livre, prévia, ampla e informada a todas as comunidades afetadas (ribeirinhos, indígenas, quilombolas e demais populações tradicionais), em conformidade com a Convenção 169 da OIT, para decidir sobre as hidrovias.
  3. Proteção socioambiental prioritária
    Garantir que qualquer proposta de infraestrutura fluvial respeite os ecossistemas, assegure a manutenção da pesca, a qualidade da água, a navegabilidade tradicional e os modos de vida comunitários.
  4. Apoio a iniciativas
    O PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que susta o decreto e exige participação democrática. (Por exemplo, a deputada Sâmia Bomfim já protocolou o PDL 942/2025 para sustar os efeitos do Decreto 12.600).
  5. Realização de atos e mobilizações
    Manifestações em todos os estados para revogar esse decreto e colocar um freio na ganância privatista do agronegócio sobre os rios amazônicos.

Os rios não se vendem, rios se defendem!


Assinaturas individuais

Auricélia ArapiunLiderança indígena e dirigente da COIAB
Vivi ReisEx-deputada federal e vereadora de Belém
Claudelice SantosCoordenadora do IZM
Ronaldo MacenaPresidente da ACREVITA
Iremar FerreiraCoordenador do Instituto Madeira Vivo
Margareth MaytapuPresidenta do CITA
Jairo ArapiunCacique Geral do Território Terra Preta
Zenilda KumaruaraCoordenadora do Território Kumaruara
Lívia KumaruaraVice-coordenadora do Território Kumaruara
Irenilse Barista KumaruaraCacica da Aldeia Vista Alegre do Capixauã
Gilson TupaiuProfessor e presidente do CITE
Rosane TapajóVice-cacica da Aldeia Atrocal
Miracildo TapajóConselheiro da Terra Indígena Cobra Grande
Maike KumaruaraProfessor da UFOPA
Luanna KumaruaraProfessora da UFOPA
Zair Henrique ArapiunProfessor da UFOPA
Cristiane VieiraProfessora da Unifesspa e pesquisadora do Rio Tocantins
Alcidema MagalhãesProfessora e coordenadora do Programa de Pós-graduação de Geografia da UFPA
Ruth AlmeidaProfessora da Ufra
Abimael MundurukuProfessor da Ufopa
Vladimir SafatleUniversidade de São Paulo
Luiz MarquesUNICAMP
Luciana GattiINPE
Carlos BocuhyInstituto de Proteção Ambiental
Pedro Henrique de CristoHarvard University
Pedro JacobiUSP
Antonio Donato NobreProfessor do Programa de Doutorado em Ciência do Sistema Terra – INPE
Sâmia BomfimDeputada Federal PSOL SP
Fernanda MelchionnaDeputada Federal PSOL RS
Glauber BragaDeputado Federal PSOL RJ
Tarcísio MottaDeputado Federal PSOL RJ
Luiza ErundinaDeputada Federal PSOL SP
Túlio GadêlhaDeputado Federal REDE PE
Heloísa HelenaRede Sustentabilidade
Luciana GenroDeputada Estadual PSOL RS e presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco
Mônica SeixasDeputada Estadual PSOL SP
Camila ValadãoDeputada Estadual PSOL ES
Josemar CarvalhoDeputado Estadual PSOL RJ
Fábio FélixDeputado Distrital PSOL DF
Renato RosenoDeputado Estadual PSOL CE
Roberto RobainaVereador PSOL Porto Alegre
Luana AlvesVereadora PSOL São Paulo
Mariana ContiVereadora PSOL Campinas
Jurandir SilvaVereador PSOL Pelotas
Pedro Ivo BatistaAssociação Alternativa Terrazul
Helena MartinsUFC/ANDES
Gustavo SeferianUFMG/ANDES
Carla BenitezUNILAB/ANDES
Diego MarquesUFBA/ANDES
Arlindo RodriguesRede Brasileira de Ecossocialistas
Pablo SolónAsamblea Mundial por la Amazonía
Dário BossiRed Iglesias y Minería – Brasil
Maria Irene Lopes dos SantosRede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil

Assinaturas de organizações

Instituto Madeira Vivo
Coletivo Indigena Mura de Porto Velho
Comitê de Defesa da Vida Amazonica na bacia do Rio Madeira- COMVIDA Brasil e Bolivia
Comissão Pastoral da Terra – CPT/RO
Organização dos Povos OROWARI de Guajara Mirim e Nova Mamore
Organização dos Povos Indígenas de RO e Noroeste do MT- OPIROMA
Organização dos Seringueiros Agroextrativistas do baixo Rio Ouro Preto- ASAEX
Coletivo pelo Direito à Cidade de Porto Velho
Associação dos Moradores, Produtores e Amigos de Nazaré- AMPAN
Coletivo das Guardiãs do Lago Maravilha de Porto Velho
Colônia dos Pescadores Z-2 de Guajara Mirim
Caritas Brasileira Regional – Porto Velho
Instituto Zé Cláudio e Maria – IZM – Marabá
Associação da Comunidade Ribeirinha Extrativista da Vila Tauiry – ACREVITA
Red Iglesias y Minería
Rede Brasileira de Ecossocialistas
Coletivo Juntos!
Rede Emancipa de Educação Popular
Coletivo Jupy
Comissão Popular da Água e Clima de Campinas
PROAM-Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental
Attac Argentina
Associação Alternativa Terrazul
FBOMS – Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente
Teia Carta da Terra Brasil
Movimento Esquerda Socialista/PSOL
Insurgência RD/PSOL
Juventude A Rua é Nóis
Centro Acadêmico de Pedagogia Bárbaro Zeferino – UECE
Centro Acadêmico Livre de Serviço Social – UECE
Centro Acadêmico de Ciências Sociais – UECE
Diretório Central dos Estudantes da UFC
Centro Acadêmico de Cinema e Audiovisual – UFC
Centro Acadêmico Zuzu Angel de Design de Moda – UFC
Centro Acadêmico Maria de Lourdes de Conceição Alves de Ciências Ambientais – UFC

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Obrigada por assinar, sigamos pressionando para barrar a Privatização dos Rios da Amazônia.

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